06 marzo, 2004

Polícia apura desvio de dólares e morte de irmã

Jornal Zero Hora

Porto Alegre, 04 de Março de 2004. Edição nº 14074

Religião

Corpo da missionária morta em Moçambique deverá chegar hoje

GÉSSICA TRINDADE/ Casa ZH/Vale do Sinos

O desvio de dólares do qual é suspeito um pastor luterano tornou-se uma das principais fontes de investigação da polícia de Nampula, em Moçambique, para elucidar o assassinato da missionária gaúcha morta há 12 dias na cidade. O corpo da irmã Doraci Edinger, 53 anos, deve chegar esta noite ao Rio Grande do Sul e ser sepultado amanhã, às 10h, na Casa Matriz de Diaconisas, à qual ela pertencia, em São Leopoldo, no Vale do Sinos.

A religiosa, integrante da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), foi morta a golpes de martelo em seu apartamento. O corpo só seria descoberto no último dia 24, caído no piso do quarto, envolto em cobertas. O traslado começou ontem, às 10h (5h no Brasil), horário do embarque de Nampula à capital do país africano, Maputo. A urna fúnebre foi levada para Johannesburgo, na África do Sul, e hoje pela manhã deve ingressar em um vôo direto ao Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo.

Segundo o chefe de instrução da Polícia de Investigação Criminal de Nampula, Carlos Manuesse, o desvio de dinheiro que pode estar ligado ao assassinato ocorreu em Maputo, e o pastor suspeito já estaria aguardando o julgamento pelo crime. Ele ainda revela que, sem permissão policial, pessoas da própria igreja foram flagradas dentro do apartamento de Doraci, logo após a retirada do corpo, vasculhando o local e listando seus pertences.

- Fiquei intrigado. Como é que iam fazer uma lista se ela vivia sozinha dentro do apartamento? Proibi, achei deselegante e irregular. É o mesmo grupo de indivíduos que retirou o corpo de um hospital para outro e não me avisou antes. Foi ocultação de cadáver - sustenta o chefe de instrução.

Saques em banco são investigados

Havia ontem quatro religiosos presos, por retirar o corpo do local onde estava, e ainda os dois seguranças do prédio onde vivia Doraci presentes na noite do crime. Manuesse solicitou aos bancos locais informações sobre os últimos saques realizados pela missionária, já que nenhum de seus pertences teria desaparecido do apartamento. Ele cogita de que o dinheiro eventualmente guardado ali possa ter sido roubado dela.

Integrante da Confederação Mundial Luterana, Ian Larkapins, que cuidou da liberação do corpo, diz desconhecer as suspeitas sobre desvio de dinheiro.

Ele conta que chegou em agosto do ano passado para trabalhar em Nampula e até agora não teria sofrido ameaças, mas mantém um forte esquema de segurança em sua casa. Larkapins só aguardava o traslado do corpo para se transferir a outra província de Moçambique.

- Estou indo para um lugar mais calmo - desabafa.

Zero Hora

Porto Alegre, 06 de março de 2004. Edição nº 14076

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