24 marzo, 2004

Cão Que Ladra Não Morde

CORREIO DA MANHÃ - Maputo

TRIBUNA

(SAI ÀS SEXTAS FEIRAS)

Coluna de João CRAVEIRINHA

email: craveirinhajoao@mail. pt

HIS MASTER’S VOICE

(A Voz de Seu Dono)

Cão Que Ladra Não Morde

Cão que ladra não morde diz um velho rifão mas o promotor também ladra e morde mais do que um cão

(in Poemas da Prisão de José Craveirinha)

Quando eu era miúdo, anos 50, o “show” que me dava imensa satisfação era dar a corda ao Gramophone – nosso gira-discos de então – e colocar a tocar discos de 78 rotações por minuto.

A marca discográfica HIS MASTER’S VOICE era muito popular e sua representante – a Casa A. W.Bayly fundada em 1898, em Lourenço Marques e mais tarde integrada na Minerva Central. Literalmente o nome queria dizer “A Voz do seu Dono – His Master’s Voice”. No logótipo tinha um cachorro branco (ou albino), a ladrar para dentro de um altifalante. Era a voz do seu dono.

Este “bolo dório” todo vem a propósito de alguns desmentidos que têm surgido em relação ao alegado “Tráfico de Órgãos Humanos e Desaparecimento de Crianças e de outras pessoas”. A defesa do investimento estrangeiro sobrepõe-se aos valores humanos tentando diluir este assunto macabro e tenebroso. Invocam-se números financeiros de investimento, estatísticas e projecções de viabilidade económica para Nampula, local alvo desta polémica toda do tráfico de Órgãos Humanos.

Freiras católicas espanholas e brasileira que denunciaram a possibilidade este “execrável negócio” têm sido vítimas de ameaças de morte – segundo as organizações a que pertencem.

Informações indicam que as freiras espanholas se encontram protegidas pela polícia de seu país – a

Guardia civil – que têm acordo de cooperação com o Ministério do Interior de Moçambique. E a

segurança da brasileira? Cadê a Embaixada do Brasil? Já que Moçambique é incapaz?! …

Após o recente assassinato em Nampula de uma missionária brasileira evangélica, de imediato,

surgiria uma contra-informação no sentido de não conotar com o alegado tráfico de órgãos humanos.

De facto existem contornos muito estranhos sobre este assunto. A quem interessam este encobrimento?

Fala-se de ligações internacionais desde o Brasil, África do Sul, Israel, Portugal, Espanha, Itália… tanto quanto se sabe nesses países mais desenvolvidos existem empresas/clínicas privadas de luxo para o negócio de transplante de órgãos humanos e nunca foram contactados. Pelos vistos a procura deve ser enorme para Moçambique passar a estar no roteiro internacional do Tráfico

de Órgãos Humanos, caso se confirme no nosso país.

No entanto uma questão devia ser ponto de honra – averiguar até às últimas consequências e separar o que é boato dos factos reais. È possível que se esteja a misturar rituais de feitiçaria com

extracção de órgãos para transplantes que necessitam de conhecimento cirúrgico e acondicionamento em sistema de congelamento especializados.

Na era colonial, em Lourenço Marques, crianças e adultos, desapareciam algumas delas seriam

encontradas mortas, à posteriori, no pântano da “Lagoa da Bogaria”, mas sem órgãos tais como

rins, olhos, coração, órgãos genitais, etc. (O nome bogaria surge como corruptela de porcaria por se situar na antiga lixeira hoje Ferro velho depois do aterro nos finais dos anos 60. Esse pântano encontrava-se situado depois do bairro da prostituição das Lagoas). Muitos desses desaparecimentos eram atribuídos a um português cantineiro, alcunhado de Guiguisseca, com vivenda na zona da Polana/ Museu que se dizia vendê-los (os órgãos extraídos) para a África do Sul. Os rumores já vêm de longe.

É de se bradar… NHAN-DA-Ê-YÉEE… quem nos acode?

1 comentario:

Anónimo dijo...

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