06 marzo, 2004

Guiné-Bissau: jornal alerta para tráfico de órgãos

CORREIO DA MANHÃ

2004-03-06 00:00:00
Guiné-Bissau: jornal alerta para tráfico de órgãos
CRIANÇAS VENDIDAS A CANIBAIS

A notícia caiu como uma bomba, deixando a maioria dos guineenses aterrados. O semanário local 'Fraskera' denunciou alegados raptos de crianças em Gabu, 200 quilómetros a leste de Bissau, a capital, levando muitos a estabelecer o inevitável paralelo com a situação que se vive em Moçambique. No caso da Guiné, os raptores, além de presumivelmente matarem as crianças para tráfico de órgãos, também negociarão as suas vítimas com canibais locais. Um novo horror.

Seyllou Diallo

Crianças africanas são agora vítimas do tráfico de órgãos

Aquele jornal guineense adianta que pelo menos dois jovens conseguiram escapar aos seus sequestradores em Fevereiro e contaram como tudo se passou. Num dos casos, um homem apareceu de mota no bairro de Sintcha Tombom, a um quilómetro de Gabu, e obrigou uma criança, que estava a brincar sozinha, a subir para o veículo, seguindo depois para Boé, na fronteira com Guiné-Conacri. Uma avaria na mota terá ajudado a vítima, que conseguiu escapar apesar de o raptor ter tentado amarrá-la numa árvore.
No segundo caso, um grupo de gatunos surgiu vestido com fardas da Brigada de Intervenção Rápida e raptou uma criança de 10 anos. Os gritos do socorro da vítima salvaram-na, já que populares que estavam a rezar foram prontamente acudi-la.
Os raptores serão contratados por pessoas de países vizinhos, as quais vendem crianças a canibais locais. Também parece haver fortes possibilidades de os raptores estarem envolvidos no negócio de tráfico de órgãos, à semelhança do que sucede em Moçambique. As autoridades guineenses mantêm um preocupante silêncio.

RAPTOS LIGADOS À FEITIÇARIA

O rapto e a morte de crianças em Moçambique podem estar ligados à prática de feitiçaria. Esta é a convicção de Habibo Amad, secretário provincial do Conselho Islâmico de Moçambique.

"Nós sabemos que os órgãos humanos extraídos de corpos de crianças aqui em Nampula não são usados para fins de Medicina. É um caso de feitiçaria para garantir virilidade ou riqueza a quem encomenda", afirmou.

Refira-se que o desaparecimento de crianças já fora relatado pela Imprensa moçambicana em 1995, embora associado ao trabalho escravo. A própria polícia moçambicana registou, em 2003, a ocorrência de seis raptos em Maputo. Mas as autoridades nada fizeram, afirmando não dispor de elementos que confirmem as denúncias.

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