06 marzo, 2004

Moçambique suspeito de tráfico de crianças


Autor: Jornal de Notícias
Data: 06-03-2004


Missionários têm denunciado casos de alegado tráfico de órgãos extraídos a crianças

Religiosos e Religiosas que se dedicam à evangelização em Moçambique dizem que, "passado o período da guerra, que envolveu crianças e adolescentes nas suas fileiras, vemos crescer nas cidades moçambicanas o triste espectáculo de crianças que fazem das ruas a sua casa". Referem também que, "nestes últimos meses, uma preocupação adicional veio somar-se àquelas angústias" : no dia 13 de Setembro de 2003, numa denúncia assinada, entre outros, pelo arcebispo D. Tomé Makhweliha, "foram divulgados vários acontecimentos estranhos e preocupantes ocorridos na cidade de Nampula" sobre suspeitas de tráfico de órgãos de crianças para transplantes. A denúncia foi levada à reunião da Conferência Episcopal de Moçambique, que decidiu apresentar o problema ao presidente da República, Joaquim Chissano.

Investigação posterior da brasileira Maria Elilda dos Santos, leiga consagrada que trabalha em Nampula,levantou com mais acuidade o problema do tráfico de órgãos extraídos a crianças moçambicanas.

Alertadas, as autoridades optaram pela negação apressada, tendo embora confirmado a existência de cadáveres mutilados, mas não a extracção de órgãos para transplantes. O procurador-geral da República confirma que o assunto ainda está em aberto.

Religiosos e religiosas continuam a dizer que "é inegável a existência de uma rede de tráfico de órgãos a actuar na África do Sul", com ligações ao Brasil, e que se serve de Moçambique. Por isso, continuam a apelar para o apuramento da verdade e a prevalência da justiça.

Foi entretanto marcada para o próximo dia 24, em Moçambique,uma jornada de jejum, oração e reflexão sobre a situação vulnerável das crianças sujeitas à mendicidade, ao roubo, ao tráfico de drogas, à exploração no trabalho e na prostuição, e ao tráfico de órgãos para transplantes.

O presidente da Conferência Episcopal de Moçambique , D. Jaime Gonçalves, declarou, à agência "Ecclesia": "Queremos voltar a circular livremente em Moçambique sem o perigo de sermos apanhados e nos extraiam órgãos internos". O bispo da Beira classifica os alertas de Maria Elilda Santos como "um bom trabalho de denúncia". Em relação à morte da missionária brasileira Doraci Edinger, a 24 de Fevereiro, D. Jaime não sabe "se o caso está relacionado com aquelas denúncias", mas assegurou que a Conferência Episcopal está atenta. Elilda dos Santos está a ser pressionada, até com ameaças de morte, para abandonar Moçambique

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