27 febrero, 2004

RELIGIOSA MORTA EM NAMPULA

Moçambique - Tráfico de órgãos poderá ter sido o motivo
A polémica questão do alegado tráfico de órgãos humanos em Moçambique poderá estar na origem do assassinato de uma missionária brasileira, encontrada morta em Nampula (norte do país), província onde, segundo denúncias de freiras católicas, têm ocorrido os crimes.
Juan Carlos Delacal

A irmã Juliana afirmou que as religiosas receiam represálias

Contactado pelo CM, o padre Jacob, da Missão Católica de São João Evangelista em Nampula, confirmou já saber o crime e estar muito preocupado com a eventual existência de tráfico de órgãos humanos.

De facto, a polícia moçambicana já confirmou o homicídio de Doraci Edinger e a agência oficial do governo brasileiro noticiou que as autoridades de Maputo admitem que a religiosa possa ter sido morta por traficantes de órgãos (de crianças) que operam na região. De acordo com Agência Brasil, órgão oficial do governo – que cita as autoridades de Brasília –, Doraci Edinger foi encontrada morta, na passada terça-feira, na residência onde vivia, em Nampula.

A missionária, de 53 anos, era natural de São Leopoldo, no estado do Rio Grande do Sul, e pertencia, desde 1998, à Igreja Evangélica de Confissão Luterana em Moçambique. Edinger foi violada e assassinada e ao lado do corpo foi encontrado um martelo ensanguetado. “Pensamos que terá sido o instrumento utilizado no crime”, afirmou Oliveira Maneque, porta-voz da polícia.

Para o padre Jacob, existem cada vez mais motivos de preocupação quanto à existência de tráfico de órgãos humanos”, apesar dos desmentidos”. De salientar que, em 2001, Doraci Edinger disse, numa carta enviada à direcção da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, que estava a receber ameaças de morte.

O assassinato da missionária ocorre num momento em que as freiras de Nampula que denunciaram o alegado tráfico de órgãos humanos receiam represálias, sobretudo depois de o procurador-geral de Moçambique, Joaquim Madeira, ter negado a existência de elementos indiciadores da prática de homicídios para a extracção de órgãos.

A irmã Maria Elilda, uma das freiras católicas que tem vindo a denunciar os alegados crimes, acusou mesmo Madeira de ter cedido a pressões. “Diante do desaparecimento de pessoas e cadáveres sem alguns membros, só posso aceitar que houve pressões para escamotear a verdade” – afirmou a religiosa à Lusa. Aliás, as freiras não escondem o medo e a madre superiora do Mosteiro Mater Dei, em Nampula, a irmã Juliana, assegurou mesmo a existência de ameaças.
2004-02-27 00:00:00


WAMPHULAFAX



Suspeita de Homicídio

LEIGA DA IGREJA LUTERANA ENCONTRADA SEM VIDA

Uma leiga da Igreja Evangélica Luterana de nacionalidade brasileira foi encontrada na última terça-feira, sem vida e em estado adiantado de putrefacção no interior da sua residência em circunstâncias ainda não esclarecidas.

Fontes policiais, que dizem ter encontrado um martelo no interior da casa, não afastam a possibilidade de que a malograda tenha sido vítima de homicídio, porquanto apresenta graves mutilações, sobretudo na parte da cabeça.

De notar que a porta se encontrava trancada por fora através de um cadeado, tendo a malograda sido encontrada prostrada no chão e enrolada num lençol.

A parede do quarto estava manchada de sangue.

O Wamphula Fax apurou que a leiga vivia sozinha, e que a descoberta da ocorrência foi graças ao cheiro nauseabundo que se espalhou pela zona, para além do facto de a viatura em que circulava a “vitima” ter estado nos últimos dias imobilizada diante da casa.

No dia da descoberta do corpo sem vida, depois do arrombamento pela polícia, os bens da vítima não davam qualquer evidência de ter havido roubo. Todos os bens estavam lá e até o televisor encontrava-se ainda ligado, contou uma fonte ao nosso jornal.

Informações colhidas pela nossa reportagem indicam que a vítima, que em vida respondia pelo nome de Edoraci Julieta Eger, ter-se-ia deslocado semanas antes ao distrito de Moma.

O porta-voz da PRM Oliveira Maneque disse que o corpo da vitima foi entregue ao Hospital Central de Nampula para efeitos de autopsia que irá confirmar a causa da morte, o que poderá ajudar a seguir as pistas do eventual crime.

A residência da vítima está neste momento a ser guarnecida pela Policia uma vez que se afirma que ela não tem familiares no país.



Indiciado no tráfego de menores

CIDADÃO SUL-AFRICANO ARRANCOU SEU PROJECTO

O Casal Gary Oconnor, indiciado no rapto de menores na cidade de Nampula, iniciou recentemente o seu projecto denominado Gett, Ltda., que compreende a criação, o processamento e a venda de aves.

O empreendimento encontra-se instalado no terreno que estava a ser disputado com a população local. A ocupação, por Gary,

daquela parcela de terra terá gerado conflito entre si e parte dos camponeses que praticavam agricultura do sector familiar.

Aliás, segundo sondagens feitas pelo Wamphula Fax, conclui-se que a população teria tentado instar as autoridades competentes por forma a que Oconnor fosse expulso do país e, consequentemente, expropriado do terreno que lhe fora concedido para a implantação do referido projecto.

Segundo constatamos no local, os congeladores que geravam suspeitas de serem concebidos supostamente para a conserva de

órgãos humanos, são os mesmos que afinal são agora utilizados para a conserva de frangos destinados a venda pública para a posterior venda.

Dados em nosso poder dão, por outro lado, conta que o projecto GETT Ltda., arrancou com a criação de cerca de três mil frangos importados da África do Sul, e que absorveram cerca de um milhão de dólares, financiados pelo Gabinete de Promoção de Investimento (GAPI), na cidade de Nampula.

De referir que com o arranque daquele projecto, foram criados mais de trinta postos de emprego.

Wf



Nampula

PIC TENTA INTIMIDAR IMPRENSA



Uma carta de pedido de colaboração dirigida a Rádio Publica Nacional (RM) e a Rádio Encontro, pertença da igreja católica, está a ser interpretado por vários sectores ligados aos media na cidade nortenha de Nampula como sendo uma tentativa de a Policia de Investigação Criminal, neste ponto do País, tentar intimidar a imprensa que tem vindo a reportar o alegado e propalado caso de tráfego de crianças e órgãos humanos.

Tais cartas, com o mesmo teor mas dirigidas aquelas duas rádios em datas diferentes, solicitam, “no sublime interesse publico” que as direcções destas estações facultem as fontes da informação vinculadas à volta do alegado tráfico de menores e órgãos humanos.

As notas que o Wamphula fax teve acesso foram enviadas no dia 11 de Fevereiro para a Rádio Moçambique e 18 do mesmo mês para a Rádio Encontro com o alegado objectivo de identificar as vitimas e respectivos ofendidos ou testemunhas que possam facilitar o trabalho de investigação em curso naquela corporação.

Tanto a Rádio Moçambique como a Rádio Encontro, responderam negativamente a tal pedido de colaboração baseando-se no artigo 30º. da Lei de Imprensa, que reconhece aos jornalistas o direito ao sigilo profissional em relação a origem da informação que publiquem ou transmitem.

O Sindicato Nacional de Jornalistas na região norte, para alem de ter condenado tal atitude da PIC, disse estranhar que no meio de tantos órgãos de informação que cobriram e continuam a reportar alegados casos ligados aos trafico de crianças e órgãos humanos, se tenha escolhido apenas a RM e a Rádio Encontro para colaborar com eles. As referidas cartas da PIC foram assinadas pelo respectivo director Eugênio Balane, com um visto do Comandante Provincial, José Weng San e foram distribuídas para o conhecimento do Governador da Província, Procurador chefe provincial e Juiz Presidente do Tribunal Judicial de Nampula.

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