27 abril, 2005

Doraci Edinger: uma vida de amor e dedicação ao próximo


Arquivo IECLB
Doraci Edinger iniciou, no final dos anos 70 sua formação diaconal na Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil – IECLB - e em 1980 entrou para a irmandade da Casa Matriz de São Leopoldo, iniciando um belo e dedicado trabalho junto ao Lar Moriá, que abriga pessoas idosas.

Em 1990, foi ordenada diaconisa. Para exercer seu grande desejo de auxiliar o próximo, realizou um curso de auxiliar de enfermagem em Montenegro e assim que ele foi concluído, Doraci foi trabalhar em um Hospital em Não-Me-Toque. Este foi mais um lugar por onde passou e deixou admiradores pelo grande carinho com que realizava suas tarefas e pela grande disposição em ajudar, que ficava evidente para todos que tiveram a oportunidade de conhecê-la.

Depois disso, foi para Ariquemes, na Rondônia, onde colocou-se ao lado das comunidades carentes trabalhando com a promoção da saúde, através da orientação para a prevenção de doenças, higiene pessoal e alimentação. Também trabalhava com o Evangelho, estimulando o Culto Infantil e doando-se ao próximo. Antes de ir para Moçambique, Doraci ainda passou um período na Amazônia e no Mato Grosso, onde lidava com indígenas e percorria as diferentes aldeias, levando todo o seu ânimo em servir e determinação para melhorar a qualidade de vida das pessoas.

Em 1998 recebeu, da sua IECLB, e aceitou, um convite que considerava o grande desafio de sua vida: contribuir para o desenvolvimento da Igreja Luterana em Moçambique, país para o qual partiu um julho deste mesmo ano. As atividades da Irmã Doraci em Moçambique estavam centradas em três áreas: saúde, educação e construção de comunidades com base confessional, assim ela queria levar a todos o amor que vem do Evangelho. Para a área da saúde, seu papel em Moçambique era construir parcerias que viabilizassem a formação de agentes de saúde, auxílio a gestantes no pré-natal, vacinação e cuidado na primeira infância, criação e desenvolvimento de trabalho com hortas, combate à malária, construção de postos de saúde e atendimento de saúde domiciliar.

No campo da educação ela trabalhava para garantir a educação básica, contatando órgãos públicos para assegurar a contratação de professores, organizando e incentivando a construção de salas de aula, viabilizando também a educação de adultos.

No trabalho de construção das comunidades confessionais da Igreja Evangélica Luterana de Moçambique – IELM – ela empenhava-se na formação de lideranças para atividades de catequese, culto infantil, estudos bíblicos e juventude. Outra atividade importante que ela realizava era a visitação às famílias e o trabalho com as mulheres, as quais ajudava e incentivava para que resgatassem sua auto-estima e seu valor.

Doraci também preocupava-se com o meio-ambiente, estimulando e auxiliando o plantio de cajueiros, coqueiros e cítricos, uma forma de auxiliar na automautenção das comunidades.

Com sua simplicidade e determinação em contribuir para o bem estar do próximo, ela acabou conquistando, mais do que a simpatia, mas um grande amor das comunidades. Quando os poços artesianos que ajudou a construir ficaram prontos, pôde testemunhar a alegria do povo em ter água limpa e saudável para beber: “eles achavam que era uma milagre” – contou a própria irmã em um de seus relatórios à IECLB.

Outra característica marcante da Irmã Doraci Edinger era sua determinação; ela era uma pessoa de fé e acreditava no que fazia, por isso era capaz de superar todas as dificuldades. Ela levava muito à sério seu trabalho e era extremamente organizada, fazendo questão de prestar contas de qualquer doação que lhe fosse feita, independente do valor. Para ela, qualquer privação pessoal era detalhe diante da dura realidade do povo moçambicano: em primeiro lugar estava sempre o próximo. Certa vez Doraci afirmou:“Agradeço a Deus por nunca procurar me defender, mas lutar para defender a causa de Jesus Cristo. Isso significa lutar por justiça. Fazer tudo pelo bem do próximo, falar sempre a verdade mesmo que isso traga sofrimento, ser honesta e responsável diante de Deus e de pessoas. A missão a mim confiada não sei para onde irei ou vou. Só uma coisa sei: que a minha vida está nas mãos de Deus.” Nesta mesmo ocasião, ela também escreveu sobre o seu trabalho em Moma: "Moma foi e ainda é um desafio muito grande. A gente precisa de muita criatividade, para animar e consolar este povo tão sofrido. Sei que realizei muitas coisas boas, mas podia ter sido melhor e com mais eficácia se não fosse por causa de tantas ameaças e sofrimentos".

Doraci Julita Edinger nasceu no dia 23 de maio de 1950, no interior de Rolante, Rio Grande do Sul, filha de Libório e Angelina Edinger. Ela sempre foi muito atuante dentro da Igreja, participando de grupos de jovens e idosos. Durante muito tempo trabalhou em fábricas de calçados, em Novo Hamburgo, onde morava com a família até que decidiu entrar para a vida religiosa.

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