12 septiembre, 2004

A atuação de religiosos na rota do tráfico de órgãos internacional 3



Na rota do tráfico humano - Brasileiros que denunciam, brasileiros acusados, brasileiros vítimas

Os religiosos brasileiros tiveram uma participação importante para trazer à tona a questão do tráfico de órgãos. Por conta disso, o Brasil abriu uma CPI para investigar se o país teria alguma ligação com Nampula. No seu depoimento em Brasília (DF), em uma audiência pública, a missionária não citou a participação de brasileiros envolvidos porque prefere uma audiência reservada, em São Paulo, para contar mais detalhes sobre a ligação de Moçambique-Brasil. Entretanto, ela afirmou que a África do Sul já faz parte da rota internacional, inclusive brasileiros já tiveram seus órgãos retirados.

De acordo com o deputado federal, Neucimar Fraga, responsável pela CPI, afirma que o país está se empenhando nas investigações, tratando o caso com prioridade, já que existem muitas vítimas sofrendo com a questão do tráfico. “Queremos identificar se há uma ligação e propor novas ferramentas para coibir essa ação. Para isso, já foi aprovada uma missão especial para a África do Sul a fim de colher o maior número de informações possíveis", destaca.

Neucimar conta que recebeu diversas denúncias sobre processos de inquéritos de cidades brasileiras que acusam alguns médicos no Brasil. Casos comprovados apontam que alguns médicos retiraram os órgãos dos pacientes antes do tempo, aceleraram a morte e retiraram sem consentimento da família. Após a morte, os médicos também são acusados de vender cadáveres para universidades. O deputado afirma que, assim como Elilda, encontra dificuldades para levar a diante as investigações. “Há dificuldade no Congresso Nacional e até no Ministério da Saúde”, diz. De acordo com ele, a desculpa para não apurar os fatos é que isso pode inibir os doadores e dificultar ainda mais quem está a espera de um transplante.

Para ele, essa é a modalidade de crime onde o bandido não é mais do morro e analfabeto. É formado por gente influente da sociedade e que tem boa educação. Daí, a dificuldade de investigação e até a divulgação na imprensa, informa o deputado. “Tenho relutado porque esse parcela influencia quase em todos os setores do país, inclusive a mídia que está sendo omissa”, revela.

A solução para acabar com o problema seria caçar registros e licenças de centrais de transplantes, por exemplo, passando por apresentação de propostas de leis mais arrojadas e assinatura de contratos internacionais, onde seja incluída a questão do tráfico. “Faltam mais denúncias e também falta o interesse em ajuntar dados. “A partir de agora, o assunto terá a mesma importância que a questão do tráfico de drogas”, garante.

A questão do tráfico humano mostra como é importante que a Igreja se levante diante dos horrores que a sociedade encobre. Na verdade, a sociedade anseia por uma liderança mais presente de Igreja, que tem como prioridade a preservação de valores morais e princípios cristãos. Cabe a Igreja um papel singular no século XXI - o de apaziguadora. E, talvez, assim, poderá reparar os erros e omissões do passado que trazem consequências até os dias de hoje e deixaram marcas na história do mundo.

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