05 marzo, 2004

IN MEMORIAM DE DORACI (2)

DIALOGANDO

por João CRAVEIRINHA email: joaocraveirinha@yahoo.com.br

NAMPULA MASSIKHINI
(Pobre Nampula)


A COMUNICAÇÃO SOCIAL moçambicana está de parabéns pela cobertura sem medo denunciando o alegado TRÁFICO DE ORGÃOS HUMANOS E DO DESAPARECIMENTO DE CRIANÇAS DESFAVORECIDAS. As mulheres e homens das Rádios e correspondentes da imprensa na capital do Norte de Moçambique – Nampula, estão na primeira trincheira neste momento, na denúncia e busca de fontes sobre o tráfico de órgãos humanos.

Há gente que alega, os corpos mutilados serem utilizados para feitiçaria…De facto esta Democracia imposta está a ter preços muito altos para a sociedade em Moçambique com a banalização da vida humana. Se do colonialismo se passou para o marxismo socialista, posteriormente, seria dado outro salto fatal para uma democracia atamancada, despreparada sem rede por baixo – conduzindo a um liberalismo total e indisciplinado e sobretudo desumano.
Nampula longe do poder central de há muito que estava entregue à sua sorte …Antes, na rota da droga do Paquistão (e Dubai!?), via Nacala para Nampula cidade, além de Inhambane e Maputo. Os baronetes indianos de Moçambique em ligação com os paquistaneses da droga. É do conhecimento público nacional e internacional. Com a questão da Al Qaeda – e da Fraternidade muçulmana envolta nos negócios é um tema por demais abordado das guerras do Afeganistão nas revistas e nas Televisões mundiais…Moçambique surge nesses mapas de redes mundiais da droga. Como se isso não bastasse…temos agora os alegados desaparecimentos de pessoas para extracção de órgãos. POBRE NAMPULA – uáMPULA MASSIKHINI!!

No caso da missionária DORACI, é possível que tenha sido vítima de efeitos colaterais da desumanidade que grassa em Nampula da ganância do dinheiro e eventualmente o seu assassínio não tenha a ver com o tráfico de órgãos humanos mas os requintes de brutalidade premeditada de lhe esmagarem a cabeça a martelo revela ao que se chegou em Nampula e de maneira geral em todo o país. Ela será um paradigma do martírio do sacerdócio em terras africanas de Moçambique. DORACI estava de abalada para o seu Brasil natal com muitas mágoas na alma por deixar uma Terra que fez sua.
Nampula se fez do nada com descendentes de famílias mestiças antigas do vale do rio Zambeze, população local macua, uns ou outros caboverdianos e ainda colonos portugueses. Famílias respectivamente de Morrumbala e de Tete. Teriam migrado para a região depois do Tenente português Neutel de Abreu, ter edificado o posto militar de Nampula em 22 de Novembro de 1907 vindo de uma anterior comissão em Angola e de São Tomé e Príncipe em 1895. Com soldados da 5ª Companhia portuguesa do posto de CORRANE e homens disponibilizados pelo Rei nativo da região da macuana, o poderoso MUCAPERA, é construído o posto de Nampula…” num local formosíssimo, a 440 metros de altitude, onde hoje se encontra o quartel das forças militares. Lá longe, alargava-se a beleza extrema da floresta e, ao sul, a recortar-se no espaço, a serra Mihôvo, que se assemelha ao rosto e corpo de um negro. Sobre o verde-escuro das serranias, o céu, no entardecer, tingia-se de escarlate”…(in biografia de Neutel de Abreu por Manuel Ferreira, Lisboa 1946). O Rei Mucapera aliado dos portugueses contra Faralay do tráfico de escravatura na região costeira de Nampula. O Rei de toda a macuana, faleceria de velhice em 30 de Outubro de 1932. Nampula como muitas regiões despovoadas e doentias, onde os portugueses edificaram postos militares, à posteriori, seriam transformados em povoações, vilas e cidades. No início de seu povoamento geográfico, seriam autênticos cemitérios de doenças palúdicas ou maláricas e cólera, pois careciam de todo o tipo de infra-estruturas de saneamento e sobretudo de água potável e de peixe (iodo) que chegava da costa (Lumbo) a cerca de 190 km misturado ainda com areia da praia para o conservar mas em vão, visto o péssimo estado impróprio para consumo. Em 2004 a cidade de Nampula parece ter regressado ao passado de há quase 100 anos atrás...São os traumas transgeracionais deixados pela escravatura em Nampula e na costa, e ainda da feitiçaria que regressam também em força em rituais de magia negativa.

Que mais esta morte violenta em Moçambique, não passe impune. Que a indignação e a denúncia cresçam. Só quando os verdadeiros mandantes forem expostos e condenados, aí sim, Moçambique entrará na idade da maturidade política através de seus dirigentes!

SE O CÉU EXISTE, ENTÃO LÁ, UM CORO DE SERES ANGELICAIS, ESTÃO ENTOANDO UM REQUIEM PARA DORACI. E O TRAQUINA DO MOZART, TOCANDO ORGÃO!!

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